#6 Muxima
É sexta-feira Santa e, ao escolher a fotografia que semanalmente publico no substack, a minha vista detém-se invariavelmente em imagens de igrejas, cruzes e procissões. Dentre elas sobressaem as recordações da minha primeira ida a Muxima, em Maio de 2014.
Muxima é uma das mais antigas igrejas construída pelos Portugueses em Angola. A sua localização, longe da costa, num período em que a ocupação colonial de resumia ao litoral, indicia que aquele seria um local venerado, sagrado para os Angolanos. É impossível não o reconhecer quando, Subindo à fortaleza sob o sol inclemente e a humidade sufocante de Maio, sentimos sair do corpo todos os pingos de suor, limpando a alma e preparando-nos para a majestosa vista da Igreja cujos pés o poderoso Kwanza vem beijar, antes de seguir viagem para terras dos Kissamas.
Muxima é talvez a suprema guardiã de uma certa Angola, como aliás canta Waldemar Bastos, “Se dizes que eu sou feiticeiro, leva-me, então, à Nossa Senhora”. Que o levem a Muxima suprema prova de pureza. Sim, talvez Muxima, que em Quimbundo significa coração, seja a definitiva prova pela qual um descrente deve passar, antes de se poder reclamar Angolano, antes de deixar parte do coração ali, às margens do rio Kwanza.
Muxima, Maio de 2014 | Nikon D2x + Nikkor 75-300mm f4,5-5,6